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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Barata

Como ler uma caixa taxonómicaBlattaria
Periplaneta americana

Estado de conservação
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Infraclasse: Neoptera
Ordem: Blattaria

Famílias
Blaberidae
Blattellidae
Blattidae
Cryptocercidae
Polyphagidae
Blattaria ou Blattodea é uma ordem de insetos cujos representantes são popularmente conhecidos como baratas. É um grupo cosmopolita, sendo que algumas espécies (menos de 1%) são consideradas como sinantrópicas. Dentre os principais problemas que as baratas podem ocasionar aos seres humanos está a atuação delas como vetores mecânicos de diversos patógenos (bactérias, fungos, protozoários, vermes e vírus).

Índice

 Etimologia

"Barata" originou-se do latim blatta[1].

Espécies

Origem

O registro fóssil mais antigo de uma barata é datado do período Siluriano, há aproximadamente 400 milhões de anos. Comparando as baratas de hoje com as do passado elas mudaram muito pouco, permanecendo como insetos não especializados. As mudanças ocorreram: na genitália da fêmea, com a redução do ovipositor, não sendo mais visível externamente; nos ovos, que passaram a ser colocados no interior de uma ooteca em vez de individualmente (em torno de 60 milhões de anos atrás), evitando a dessecação; e nas asas, que deixaram de ter como função principal o vôo e passaram a ser de proteção do abdome, com a redução das asas em alguns casos.[2]

 Características morfológicas


Uma barata de 8cm no Parque Nacional Ku-ring-gai Chase, na Austrália.
O tamanho das baratas varia entre 3 mm a 10 cm de comprimento dependendo da espécie. Apresentam um corpo oval, achatado dorso-ventralmente, e em geral com uma coloração escura. A cabeça é curta, subtriangular, do tipo opistognata, com peças bucais mastigadoras, antenas longas e filiformes, geralmente dois ocelos, e os olhos compostos estão presentes na maioria das espécies, com exceção das espécies cavernícolas. O tórax possui três pares de pernas do tipo cursoriais, e quando presentes, dois pares de asas, Em geral nas espécies sem asas, as fêmeas é que são ápteras. O abdome geralmente apresenta 10 segmentos, contendo os principais órgãos vitais, sendo que há um par de cercos para ambos os sexos, com a função olfativa. Além disso, os machos são menores do que as fêmeas.

 Comportamento


Barata em um arbusto.
Gostam de lugares quentes e úmidos, sendo encontradas na: serrapilheira, sob pedras, cascas de arvores, em ninhos de himenópteros e isópteros, no interior das edificações humanas (principalmente na cozinha), e na rede de esgoto. Há algumas espécies semi-aquáticas e aquáticas (Epilampra - Blaberidae), e outras que vivem em desertos e cavernas. [3]
A maioria das espécies é solitária, com algumas espécies apresentando habito gregário (exemplificadas pelas espécies domésticas), sendo Cryptocercus punctulatus considerada como uma espécie subsocial, que vive em árvores e como os cupins possuem simbiontes intestinais. Em geral apresentam hábito noturno (principalmente as de ambiente urbano), sendo que neste período procuram por alimento e parceiros(as) para o acasalamento, e realizam oviposição e dispersão. Durante o período diurno permanecem escondidas. Quando as baratas urbanas aparecem durante o período diurno, está ocorrendo: uma alta densidade populacional (para cada barata encontrada, podem haver 1.000 escondidas) e/ou a falta de alimento e água. As espécies diurnas são frequentemente coloridas e arborícolas. As baratas gastam 75% de seu tempo descansando, no qual assumem uma posição característica: antenas voltadas para frente com um ângulo entre elas de 60º e as pernas mantém o corpo rente à superfície.[4]

 Alimentação

Muitas espécies silvestres participam da cadeia alimentar como saprófagos, por se alimentarem de material animal e vegetal morto, carnívoros e herbívoros. As espécies do gênero Panesthia (Blaberidae) e Cryptocercus (Cryptocercidae) possuem bactérias e protozoários em seu tubo digestivo, que auxiliam na digestão da celulose. Mas a maioria das espécies é onívora, como por exemplo, as espécies existentes em ambientes urbanos. As baratas urbanas são capazes de viver três dias sem água e dois meses sem comida. Mas várias baratas conseguem sobreviver cerca de um mês sem comida e sem água e aproximadamente dois meses só com a água.[5]

 Reprodução


Uma fêmea Blatella germanica com a ooteca.
Em geral, o acasalamento entre as baratas se inicia com os machos sendo atraídos por feromônios sexuais emitidos pelas fêmeas. Quando há o encontro, o casal inicia um contato físico por meio de uma intensa antenação. O macho eleva as asas, expondo uma glândula localizada na superfície dorsal do abdome, que secreta uma substância da qual a fêmea se alimenta. Enquanto a fêmea sobe no macho para se alimentar da substância, por baixo o macho tenta introduzir a sua genitália na da fêmea, para iniciar a cópula. Quando ambos estão ligados pelas genitálias, o macho vira-se 180º, e assumem a posição conhecida como “end-to-end”. A cópula pode durar uma hora ou mais, e durante este processo o macho transfere o espermatóforo para a fêmea. Os espermatozóides são armazenados na espermateca, ficando ativos por um longo período. Não apenas estímulos químicos estão envolvidos no acasalamento, mas também sonoros como na espécie Nauphoeta cinerea, cujos machos estridulam durante o ato, emitindo sons de 60dB. Os machos e as fêmeas podem copular uma ou mais vezes.[6]
Nas baratas podem ser encontrados três tipos de oviposição: Oviparidade (o mais comum entre os insetos, com a formação de ovos que se desenvolverão externamente à fêmea, contidos ou não na ooteca. Exemplos: P. americana, B. orientalis e B. germanica), Ovovivipariedade (os ovos ou ooteca permanecem dentro da fêmea. Exemplo: Blaberus) e Viviparidade (a ooteca permanece dentro da fêmea, sendo a sua formação incompleta, permitindo a troca de nutrientes com a fêmea durante o desenvolvimento embrionário. Exemplo: Diploptera punctata).[6]

Desenvolvimento


Ootecas contendo ovos de Periplaneta americana; Florianópolis, SC, Brasil.
Este grupo de insetos apresenta metamorfose incompleta, do tipo paurometabólica (os imaturos e adultos vivem no mesmo habitat), passando pelos estágios de ovo, ninfa (correspondente à fase larval) e adulto, com a ausência do estágio imóvel (pupa). [7]

Blaberus craniifer adulto (alado, no alto) e ninfas
Na maioria das espécies, os ovos estão contidos em um estojo denominado de ooteca. Esta estrutura, dependendo da espécie, pode variar quanto à forma, tamanho e número de ovos (de 4 a 50 ovos). Dependendo também da espécie, as fêmeas antes de depositar a ooteca em um local, podem carregá-la durante algumas horas ou dias, e em alguns casos, durante toda a fase embrionária, podendo com as mandíbulas auxiliar as ninfas a emergirem dos ovos. A ooteca é depositada geralmente em locais abrigados, como fendas nas paredes das casas, sob pedras e na vegetação, e muitas vezes sendo recobertos com detritos, para manter a umidade e evitar possíveis predadores. A duração do estágio de ovo varia dependendo da espécie e da temperatura. Por exemplo, a duração desta fase na barata americana a 29 °C é de aproximadamente 5 semanas. Em algumas espécies de baratas ocorre a partenogênese (do tipo telétoca, com a formação de apenas fêmeas), com os óvulos desenvolvendo-se sem serem fertilizados pelo espermatozóide, como por exemplo, na espécie Pycnoscelus surinamensis.[6]
A duração e o número de instares varia também quanto à espécie, sexo e das condições ambientais; condições desfavoráveis ocasionam um maior número de instares. Para a barata americana, a duração do estágio ninfal a 29 °C é de aproximadamente 8 meses, apresentando entre 11 e 12 instares. A diferença entre as ninfas e os adultos reside: basicamente nas asas, ausente nas ninfas, e por estas se desenvolverem externamente nos últimos instares (como brotos alares); e quanto à maturação dos órgãos sexuais, não desenvolvidos nas ninfas.

 Inimigos naturais

Existem muitos inimigos naturais (predadores e parasitas) que atacam as baratas, como por exemplo, osgas(lagartixas), bactérias, formigas, vermes, fungos, protozoários, artrópodes (ácaros, aranhas, besouros, escorpiões, hemípteros e himenópteros) e vertebrados. Dentre os himenópteros, seis famílias se desenvolvem em ovos (exemplo: Evaniidae, Encyrtidae, Chalcididae e Eulophidae), e na família Sphecidae, principalmente as ninfas de baratas são paralisadas e colocadas no ninho destas vespas para servirem como alimento para as larvas.[8]

 Importância


Uma barata de cabeça para baixo em Alcobaça, na Bahia, no Brasil
As baratas podem ocasionar os seguintes problemas: atuar como vetores mecânicosss (vírus, fungos, bactérias e protozoários) e biológicos (ser hospedeiro intermediário de vermes); reações alérgicas (contato com as fezes e exúvias); inutilizar alimentos (deixam odor repugnante); roer/sujar roupas e livros; ser uma praga agrícola de relativa importância (roer raízes e atacar produtos armazenados); e psicológicos, por causarem sensação de asco e medo.[9]
Apesar deste lado negativo, as baratas para muitos povos, actualmente e no passado, têm um lugar de destaque no folclore, encontrando se relatos em modinhas, superstições, jogos infantis, medicina popular, provérbios, adivinhações, ditados e na alimentação. Na medicina popular existem vários relatos de algumas espécies, principalmente Blatta orientalis, em serem usadas para curar várias doenças, como por exemplo: alcoolismo, asma, bronquite, cólicas intestinais, dores de cabeça e ouvido, furúnculos, gripe, entre outras. Alguns pesquisadores, em sua maioria russos e alemães, nos séculos 19 e 20 (a primeira metade) fizeram vários estudos para comprovar o efeito terapêutico das baratas, e em muitos casos havia. Na alimentação humana, para muitos povos orientais as baratas fazem parte de sua dieta, sendo comidas cruas ou cozidas. No Brasil, os índios Chocleng (Santa Catarina) apreciavam as baratas.[10]
Além disso, as baratas são utilizadas como material didáctico em aulas de entomologia (anatomia), manutenção de criações de outros insectos, e como iscas para pescadores. Em ecossistemas naturais as baratas são importantes como fonte de alimento de diversas espécies de animais, como o loss, e o calixto, e também por actuarem na ciclagem dos nutrientes (saprófagos).[11]

 As espécies consideradas como praga

Das cerca de 4.000 espécies descritas, menos de 1% são consideradas como pragas urbanas. A seguir uma breve descrição de algumas destas espécies.
  • Blatella germanica (Barata alemã): cosmopolita (temperatura preferida: 30 °C); tamanho: 10–15 mm de comprimento; originária da região oriental da África; principalmente uma praga domiciliar, mas que em noites quentes pode ir para o peridomicilio; comum em cozinhas e restaurantes; é a praga mais importante dentre as baratas, devido: alto potencial reprodutivo (sendo que a resistência a determinado inseticida se prolifera rapidamente), pela fêmea carregar a ooteca durante quase todo o período de incubação dos ovos (depositando-a em local favorável para o desenvolvimento ninfal) e pelo tamanho diminuto podendo se esconder em locais inacessíveis à ação dos inseticidas; período de incubação dos ovos: aproximadamente 17 dias; período de desenvolvimento das ninfas: 38-40 dias com 5 a 6 mudas (machos) e 40-60 dias com 6 a 7 mudas (fêmeas); longevidade dos adultos: 4 meses (machos) e 6 meses (fêmeas); as fêmeas produzem de 4 a 8 ootecas, com cada ooteca apresentando de 30 a 40 ovos.
  • Blatta orientalis (Barata oriental): regiões de clima temperado (temperatura preferida: 20-25°C); tamanho: aproximadamente 25 mm de comprimento; originária da região norte da África; praga domiciliar e peridomiciliar; comum em porões, adegas, banheiros; fêmea carrega a ooteca por um ou dois dias, e deposita em locais protegidos (pode cobrir ooteca com material); há partenogênese; período de incubação dos ovos: aproximadamente 40-80 dias; período de desenvolvimento das ninfas: 180 dias com 7 a 8 mudas (machos) e 300 dias com 9 a 10 mudas (fêmeas); longevidade dos adultos: 60 a 250 dias; as fêmeas produzem de 5 a 10 ootecas, com cada ooteca apresentando aproximadamente 16 ovos.
  • Periplaneta americana (Barata americana): cosmopolita (temperatura preferida: 30-33 °C); tamanho: 28–44 mm de comprimento; originária da região tropical da África; principalmente uma praga peridomiciliar, mas durante o forrageamento pode entrar no domicilio; comum em áreas de manipulação de alimentos (cozinhas) e rede de esgoto; fêmea carrega a ooteca por 24 horas, e deposita em locais protegidos; há partenogênese; período de incubação dos ovos: aproximadamente 25-40 dias; período de desenvolvimento das ninfas: 130-150 dias com 9 a 13 mudas (machos e fêmeas); longevidade dos adultos: 250-350 dias, sendo menor para os machos; as fêmeas produzem aproximadamente 30 ootecas, com cada ooteca apresentando entre 14-16 ovos.
  • Supella longipalpa (Barata de faixa marrom): cosmopolita (temperatura preferida: 26-30 °C); tamanho: 13–14 mm de comprimento; originária da África; uma praga tanto domiciliar (presente em todos os cômodos) como peridomiciliar; fêmea carrega a ooteca por 24 horas, e deposita em locais protegidos; período de incubação dos ovos: aproximadamente 40 dias; período de desenvolvimento das ninfas: 50-60 dias (machos e fêmeas); longevidade dos adultos: 115 dias (machos) e 90 dias (fêmeas); as fêmeas produzem aproximadamente 5-18 ootecas, com cada ooteca apresentando 16 ovos.

 Metodologias de controle

Monitoramento

Antes de tomar qualquer medida de controle, o monitoramento de um local é importante para verificar o nível de infestação, o número de espécies existentes, e a localização do foco de infestação. As metodologias aplicadas na averiguação destas informações são efetuadas através de entrevistas com as pessoas residentes, a inspeção visual da localidade, e o uso de armadilhas (compostas por uma substância adesiva atrativa). Com isso, pode ser avaliado qual será a melhor estratégia de controle ou se realmente existe a necessidade para tanto.

[editar] Controle químico

Os inseticidas utilizados no controle de baratas como os pós-secos, formulações para pulverizações residuais e aerossóis são eficientes (para infestações pequenas e localizadas) e práticos de serem usados, causando uma morte rápida. Apesar destas características, em geral, esses produtos não se mostram eficientes, devido à má qualidade da aplicação, pelos produtos terem uma formulação e dosagens incorretas, da utilização em momentos inadequados (alta densidade populacional), condições climáticas inadequadas e pela evolução da resistência. Como conseqüências da resistência ocorre uma maior freqüência de aplicações, aumento da dosagem utilizada, substituições por outros produtos (em média, uma classe de inseticidas é perdida a cada 10 anos), aumento da contaminação do meio ambiente, eliminação de organismos benéficos e na elevação dos custos. Como exemplo, somente no EUA os gastos com medidas de controle contra as baratas giram em torno de US$ 1,5 bilhões por ano. Além disso, o preço de lançamento de um produto no mercado elevou-se de US$ 2 milhões em 1950 para US$ 300 milhões em 2000. Além da resistência, vários fatores biecológicos têm contribuído para o sucesso das baratas (no caso de Blattella germanica) no ambiente urbano: ooteca de gestação múltipla (maior que o das outras baratas), alto potencial reprodutivo e as ninfas terem maiores chances de sobrevivência (pelo fato das fêmeas levarem a ooteca durante quase todo o período de desenvolvimento embrionário e pelas ninfas serem menores que os das outras espécies, se esconde em locais inacessíveis).
Como uma nova metodologia, as iscas vêm sendo adotadas nos últimos anos com razoável sucesso, sendo compostas por uma parte atrativa (mel, açúcar ou soja) e outra do principio ativo (propoxur, triclorfom, malatiom, diazinom, clorpirifós ou fipronil). Em breve, outros tipos de princípios ativos serão utilizados, os IGRs (os juvenóides e os inibidores de síntese de quitina), sendo mais eficazes, devido à ausência de toxicidade para os vertebrados e de rápida degradação no meio ambiente. Estas iscas podem ser encontradas em três formatos: granulado (produto contido em pequenos envelopes), porta-isca e gelatinosa. O principal problema com as iscas é que elas geralmente apresentam uma baixa atratividade, pela competição com o alimento existente na residência.

 Manejo do ambiente

A utilização de isca por si só não resolverá o problema, se um manejo adequado do ambiente não for efetuado, As baratas, como as demais pragas urbanas, invadem as residências na busca por alimento, água e abrigo. O manejo tem a finalidade de evitar ou dificultar o acesso a esses três fatores, É importante lembrar que somente a remoção dos locais de procriação (caixa de papelão, jornais e revistas antigas, roupas velhas, couro mofado e etc.), não é suficiente para, evitar o aparecimento de baratas em sua casa, que, deve estar principalmente higienizada, evitando o acumulo de lixo e resíduos de alimentos em qualquer parte da casa, uma casa bem higienizada estará livre das baratas.

Ver também


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