Falcão-peregrino
Falcão-peregrino | ||||||||||||||
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Falco peregrinus Tunstall, 1771 | ||||||||||||||
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██ Nidificação migrante ██ Nidificação residente ██ Invernação migrante ██ Visitante de passagem |
Índice |
Estatuto de conservação
A nível global é considerado pouco preocupante (LC).[1]Em Portugal é considerada vulnerável (VU).[2]
Protecção legal
Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, Transposição da Directiva Aves 79/409/CEE de 2 de Abril de 1979, com a redacção dada pelo Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro – Anexo IDecreto-Lei nº 316/89 de 22 de Setembro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Berna – Anexo II
Decreto-lei nº 103/80 de 11 de Outubro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Bona – Anexo II
Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de Abril, transposição da Convenção e Washington (CITES)
Regulamento CE nº 1332/2005 de 9 de Agosto (alteração ao Reg. CE nº 338/97 de 9 de Dezembro) – Anexo I-A
História evolutiva
O que diferencia os falcões das demais aves de rapina é o fato de terem evoluído no sentido de uma especialização no voo em velocidade (em oposição ao voo planado das águias e abutres e ao voo acrobático dos gaviões), facilitado pelas asas pontiagudas e finas, favorecendo a caça em espaços abertos – daí o fato dos falcões não serem aves de ambientes florestais, preferindo montanhas e penhascos, pradarias, estepes e desertos.Morfologia
Morfologia Externa
O falcão peregrino é uma ave de médio porte, corpo compacto, pescoço curto e cabeça arredondada com grandes olhos negros. Na Península Ibérica, o comprimento do falcão peregrino varia entre os 40 e os 50 cm, o peso médio de um macho adulto rondará as 600 gramas e o de uma fêmea anda à volta das 900 gramas.A perfeita e rápida locomoção no ar deve-se a diversas adaptações. Sendo uma ave, o seu corpo é revestido com penas, que têm origem na epiderme, as quais têm uma função isoladora e são impermeáveis. No geral, as penas apresentam uma cor azul-acinzentada com listas escuras, sendo as das asas rígidas e as restantes bem justas ao corpo. Na cabeça têm uma coroa preta, a cauda tem pontas brancas e a sua barriga esbranquiçada apresenta pintas. As asas apresentam uma envergadura entre os 80 e os 115 centímetros. A sua cauda é curta, ao contrário das suas asas que são longas e ponte agudas, e as patas estreitas e longas. Todo o seu corpo se encontra bem adaptado às suas performances de voo.
Dimorfismo sexual
As suas dimensões variam consoante a sua subespécie e o macho é menos corpulento do que a fêmea (dimorfismo sexual). Ela, mais corpulenta e cinzenta; ele, mais franzino do que a fêmea, escuro e desconfiado.Ecologia
Actividade
Esta ave possuí hábitos diurnos, apesar de por vezes também apresentar atividades noturnas.Hábitos alimentares
É uma espécie ornitófaga, isto é, alimenta-se quase exclusivamente de outras aves, que alcança facilmente no voo. Na maior parte dos casos, a composição da dieta reflecte a composição da avifauna existente na sua área vital. É uma das mais rápidas aves, o seu mergulho chega a 300 km/h. O choque que a presa leva ao ser atingida em pleno voo pelas garras do peregrino é tão forte que morre instantaneamente. A sua presa de eleição é o Pombo-da-Rocha (Columba livia), que frequentemente constitui mais de 50% da dieta.Este facto dever-se-á não apenas à abundância de pombos, como ao facto destes constituírem uma refeição altamente energética e de dimensões óptimas para a caça e transporte em voo. Caça usualmente sozinho, podendo também haver uma cooperação entre pares.
Requer extensos campos abertos para caçar, incluindo biótopos estepárias, zonas húmidas e arribas costeiras. Caça também nas proximidades de encostas escarpadas e falésias aproveitando a surpresa e o desnível para alcançar as suas presas em voo.
Como ave que freqüenta ambientes urbanos atrás de presas como os pombos, o falcão-peregrino às vezes não pode consumir as aves que abate por conta do tráfego de pessoas e viaturas; em Santos, no litoral paulista, é comum achar pombos mortos abatidos por falcões-peregrinos migratórios (Falco peregrinus tundrius) e abandonados na via pública. Note-se também que, no que diz respeito à escolha de suas presas, o falcão-peregrino é oportunista, caçando quaisquer aves presentes na sua área de ocorrência: nos manguezais de Cubatão, por exemplo, caça inclusive exemplares juvenis de guará (Eudocinus ruber).
Reprodução
A reprodução do falcão é sexuada, isto é, realiza-se com a intervenção de um macho e de uma fêmea. Esta ave é um animal ovíparo, porque se desenvolve dentro de um ovo e fora do corpo materno. Neste caso, o embrião alimenta-se das substâncias nutritivas de reserva que estão no interior do ovo.Geralmente, o falcão peregrino põe os seus ovos (103 ovos) num penhasco, muitas vezes sem ninho e são incubados pelo casal de pais durante um mês. Durante esse mês, embora os dois progenitores cacem, é normalmente a fêmea que leva a comida para o ninho e, quando isto não acontece, o macho apenas vai depositar a captura para que a sua companheira trate da prole.
Comunicação
Os falcões emitem uma notável variabilidade de sons dependendo das situações, do sexo e da idade. Todos eles são combinações de sons mais ou menos largos e mais ou menos agudos.Habitats
Nidifica em arribas marítimas, também em ilhas rochosas ou em precipícios em zonas montanhosas, e ao longo de vales de rios. Dado a sua adaptabilidade, e em situações sem perturbação, encontra-se por vezes em estruturas altas e inacessíveis construídas pelo Homem , como torres, ruínas, antenas e pontes. Evita zonas com intensa actividade humana, ou florestas densas, pântanos com vegetação densa, extensas áreas de planície e zonas agrícolas, e áreas cobertas e extensas de água. No Inverno o Falcão-peregrino está associado a zonas abertas com abundância de presas. Dormem de noite em sítios abrigados, em superfícies rochosas, e às vezes recorrem também a árvores.Antes da postura, o casal dorme junto no penhasco escolhido para nidificar e durante a incubação o macho dorme noutro lugar.
Inimigos naturais
O falcão-peregrino é muita vezes vítima de outras aves de rapina que roubam as suas presas, à semelhança dos leopardos, que muitas vezes vêem a sua refeição assaltada por hienas. Como predador solitário, o falcão não pode arriscar morrer de inanição por ferimentos obtidos numa luta por uma presa já abatida.Longevidade
A maior esperança de vida conhecida de um falcão em cativeiro é de 25 anos.Distribuição
Espécie cosmopolita no Mundo, só não existindo na Antártida. Ocorre em grande parte da Euroásia e nidifica na maioria dos países europeus. As populações do norte e do leste do Paleárctico Ocidental são fundamentalmente migradoras, enquanto que as do sul e do oeste são sedentárias, com as populações intermédias movimentos nómadas e dispersos, em particular as mais setentrionais.Em Portugal, o falcão-peregrino tem uma distribuição bastante alargada, embora dispersa, que compreende grande parte da região Norte e a parte central da região Centro e ainda as arribas marinhas de Portimão-Alvor até Sines, da serra da Arrábida até ao Cabo Mondego, não ocorrendo ou sendo raro na restante área.
Na faixa costeira do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), encontra-se uma boa percentagem das aves que vivem em Portugal. Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), há apenas 79 a 100 casais de falcões-peregrinos em Portugal.
Fatores de ameaça
- Envenenamento com insecticidas organoclorados como o DDT.
- O abate a tiro, nomeadamente na caça aos pombos nas falésias marinhas e a diminuição desta presa potencial poderão também ter contribuído para o declínio destes falcões no passado.
- O roubo de ovos para coleccionismo e de crias para falcoaria já deverá ter tido mais importância, mas não deixa de merecer ainda assim preocupação.
- A mortalidade por electrocussão ou colisão em linhas de transporte de energia é uma realidade em Portugal.
- Pode ser afectado por morbilidade e mortalidade causadas por doenças transmitidas pelos pombos.
- A destruição e degradação de habitat, a abertura de acessos perto de fragas inferiores e falésias marinhas, bem como o aumento da perturbação causada por várias actividades de turismo e lazer na proximidade dos ninhos, poderão levar ao abandono ou inviabilizar a recolonização de antigos territórios.
Caso DDT
O falcão-peregrino é muito sensível ao envenenamento com inseticidas organoclorados como o DDT, com os quais entra em contacto através da gordura de suas presas, e que provocam enfraquecimento da casca de seus ovos e esterilidade. O uso do DDT afectou gravemente as populações residentes na Europa ocidental e América do Norte durante as décadas de 1950 e 1960. A situação foi invertida com o banimento destes compostos das práticas agrícolas e pela liberação na natureza de indivíduos criados em cativeiro. Segundo Helmut Sick, este esforço de recuperação por liberação de animais criados em cativeiro (alguns mestiços de subespécies diferentes) reduziu a intensidade da migração de falcões do leste da América do Norte para o Brasil, já que parte das populações recuperadas perdeu o hábito migratório. Os falcões-peregrinos presentes no Brasil entre outubro e abril, durante o inverno boreal, pertencem à subespécie F. p. tundrius, mais ártica; outra subespécie norte-americana, F. p. anatum, é residente, não migrando para a América do Sul. Contudo, desconhecem-se efeitos nesta espécie dos pesticidas actualmente utilizados em Portugal.Medidas de conservação
- Reavivar e intensificar campanhas de sensibilização e de conservação da fauna, em particular das aves de rapina e outros predadores, dirigidas a caçadores, guardas e gestores de caça, afim de minimizar ou erradicar o abate ilegal e roubo de ninhos;
- Sensibilização dos agricultores para a adopção de boas práticas agrícolas, tanto em termos da racionalização no emprego dos pesticidas, como da utilização preferencial pela luta integrada e de produtos de mais rápida e inofensiva degradação;
- Reforço da fiscalização e uma aplicação mais efectiva da lei, relativamente às infracções e crimes contra a natureza e as aves de rapina em particular. Neste aspecto, não devem ser esquecidos a fiscalização e um controlo apertado sobre animais comercializados e utilizados em falcoaria e cetraria, nomeadamente sobre as suas proveniências;
- Incentivo ao recurso mais generalizado das medidas agro-ambientais junto a proprietários e produtos agrícolas, de modo a ser mantida a agricultura e pecuária extensivas, pastagens e pousios;
- Condicionamento temporal do acesso e das actividades nas proximidades dos locais de ninhos e sensibilização do público em geral e dos praticantes de desportos radicais, em particular, para a conservação das espécies rupícolas ameaçadas e minimização da sua perturbação
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